Descrição
Rota do garum (2.5 Km)
The highlight of this walk is the visit to the Roman Ruins. The scenery is breathtaking - beach landscape, beautiful bay and the amazing view of the Sado estuary.
The starting point is at Bico das Lulas, 2 km south. At 38 28 09 N, 08 53 10 W.
You go direction northeast through Troia - Comporta road. Reference point is a communication post.
Keep walking direction east. Then NE following a path between the dunes. You will be surprised by the variety of pine trees available.
Further on, you will reach a road that skirts the serene inner boiler of Troia peninsula. Great! - you enter the Sado estuary!
This Estuary is a protected zone from maritime agitation of Portuguese Atlantic coast. Since it is protected from winds and currents, has been the ideal spot to shed heavy vessels who dared to cross the Gibraltar point and come up here.
Almost at end of dirt road that you have been walking through is your reach point - the Roman Ruins!
It is interesting to visit this historic point. On first century, it was considered the most important complex of salted fish in the roman empire. Nowadays, there still remains ruins of a few houses, spa houses, a necropolis and a christian basilica, available to be visited.
Here, was produced a delicious delicacy appreciated in all parts of roman world. It was called 'garum'. It was a paste made of fish viscera and seafood mix with aromatic herbs, followed by a treatment of maceration and fermentation. It was used to flavor food.
Opening time - Contacts
Rota do garum (2,5 Km)
Este percurso liga a praia atlântica às Ruínas Romanas de Troia, situadas à entrada da Caldeira de Troia, uma enseada no interior da península de Troia cuja abertura se faz para o estuário do Sado.
Saia da Praia de Troia cerca de 2 km a sul do Bico das Lulas, em 38 28 09 N, 08 53 10 W, na direção nordeste, por um estradão que atravessa as dunas atingindo a estrada Troia – Comporta junto a um poste de comunicações móveis.
Passe para nascente do poste de comunicações, e continue para nascente e depois para NE, seguindo um caminho entre as dunas, com vegetação esparsa, pontuada por pinheiros. Mais à frente, atingirá um estradão que contorna a serena caldeira interior da península de Troia.
Se o estuário do Sado é já uma zona de proteção da agitação marítima da costa atlântica lusitana, imagine-se como esta enseada, ainda mais protegida dos ventos e correntes, bem serviria de abrigo às embarcações, pesadas, movidas sobretudo a remos, de amuradas baixas, que do Mar Mediterrâneo se atreviam a passar as Colunas de Hércules (Gibraltar) e vir até aqui.
No final do estradão encontrará as Ruínas Romanas de Troia, um grande complexo de produção de salgas de peixe, do século I, com casas, termas, necrópoles e uma basílica paleocristã. Neste complexo, produzia-se uma iguaria muito apreciada nas diversas partes do mundo romano, para onde era exportada, o “garum”, pasta ou molho que servia para condimentar os alimentos, composto por vísceras de peixe e marisco selecionados, aos quais eram adicionadas ervas aromáticas de diferentes naturezas, sofrendo depois um tratamento de maceração e fermentação.
Horários - Contactos
Fauna
The Sado Estuary Natural Reserve is one of the main Portuguese wetlands, housing aquatic and terrestrial habitats as diverse as marshes, cane fields, salterns, rice fields, vases, prairies, pine forests, ridges, dunes and bushes. It is, therefore, a relevant refuge not only for resident and nesting birds such as the black-winged stilt (Himantopus himantopus), the western marsh harrier (Circus aeruginosus) and the little tern (Sternula albifrons), but also for migratory species such as the eurasian spoonbill (Platalea leucorida), the greater flamingo (Phoenicopterus roseus) and the whimbrel (Numenius phaeopus). (1)
The estuaries are places where the confluence of fresh and salty waters, the great deposition of sediments and the daily influence of the tides create optimal conditions for the formation of innumerable natural habitats. One of the most interesting are the marine prairies, composed of one or more species of flowering plants adapted to live submerged in salt water. It is in these habitats that we can find a wide variety of animals: long-snouted seahorse (Hippocampus guttulatus), european common cuttlefish (Sepia officinalis), pouting (Trisopterus luscus), blackspot seabream (Pagellus bogaraveo), sea pen (Veretillum cynomorium) and european eel (Anguilla anguilla). (1)
Between the sea and the Sado estuary, this trail presents a very wide diversity of animals: fish, mollusks, crabs, birds, reptiles, amphibians, mammals and insects.
In the coastal part near the water line, the yellow-legged gull (Larus michahellis) and the lesser black-backed gull (Larus fuscus) are a constant companion, with their low flights or inns on the extensive beach. Here we can also find the black-headed gull (Chroicocephalus ridibundus), the sanderling (Calidris alba) and the common ringed plover (Charadrius hiaticula), among other birds.
When looking at the sea we can be gift with the appearance of the common bottlenose dolphin (Tursiops truncatus) that leave and enter the Sado estuary in search of food.
When we move from the beach zone to the secondary dunes, smart reptiles flee from us. Although there are about 11 species of reptiles in this area, the most common are the large psammodromus (Psammodromus algirus), the spiny-footed lizard (Acanthodactylus erythrurus) and the moorish wall gecko (Tarentola mauritanica).
Troia’s Boiler is a prominent place in Sado estuary, being a nursery for fish, mollusks and crabs. In silence, you can hear the croaking of the Perez's frog (Pelophylax perezi) and the tree frogs (Hyla arborea and Hyla meridionalis). Also, in this place, you can find a great variety of birds, breeding ones or wintering ones. Troia’s Boiler has international protection statutes: Special Protection Area, Directive 79/409/EEC (replaced by Directive 2009/147/EC - Birds Directive), Important Area for European Birds, designation of the European Commission, Ramsar Site, under the Ramsar Convention, and CORINE Biodata classification C14100013, of the CORINE program 857338/EEC.
Have a special conservation status: the eurasian nightjar (Caprimulgus europaeus), the common sandpiper (Actitis hypoleucos), the western marsh harrier (Circus aeruginosus), the red-breasted merganser (Mergus serrator) and the little tern (Sternula albifrons).
(1) Information leaflet "Estuário do Sado – Tróia", TROIA NATURA & ICNF, 2016
A Reserva Natural do Estuário do Sado é uma das principais zonas húmidas portuguesas, albergando habitats aquáticos e terrestres tão diversos como sapais, canaviais, salinas, arrozais, vasas, pradarias marinhas, pinhais, montados, dunas e matagais. Constitui por isso um refúgio relevante não só para aves residentes e nidificantes como o pernilongo (Himantopus himantopus), a águia-sapeira (Circus aeruginosus) e a andorinha-do-mar-anã (Sternula albifrons), como para espécies migradoras como o colhereiro (Platalea leucorida), o flamingo (Phoenicopterus roseus) e o maçarico-galego (Numenius phaeopus). (1)
Os estuários são locais onde a confluência de águas doces e salgadas, a grande deposição de sedimentos e a diária influência das marés criam condições ótimas para a formação de inúmeros habitats naturais. Um dos mais interessantes são as pradarias marinhas, compostas por uma ou mais espécies de plantas com flor adaptadas a viver submersas em água salgada. É nestes habitats que podemos encontrar uma vasta diversidade de animais: cavalos-marinhos (Hippocampus guttulatus), chocos (Sepia officinalis), fanecas (Trisopterus luscus), gorazes (Pagellus bogaraveo), cenouras-do-mar (Varetillum cynomorium) e enguias (Anguilla anguilla). (1)
Entre o mar e o estuário do Sado este trilho apresenta uma diversidade de animais muito vasta. Desde peixes, moluscos, caranguejos, aves, répteis, anfíbios, mamíferos e insectos.
Na parte costeira junto à linha de água a gaivota-de-patas amarelas (Larus micahellis) e a gaivota-d’asa-escura (Larus fuscus) são uma constante companhia com os seus voos rasantes à água ou pousadas no extenso areal. Aqui podemos também encontrar o guincho (Larus ridibundos), o pilrito-das-praias (Calidris alba) e o borrelho-grande-de-coleira (Charadrius hiaticula) entre outras aves que fazem deste lugar local de paragem.
Ao se olhar para o mar podemos ser brindados com o aparecimento dos golfinhos-roazes (Tursiops truncatus) que saem e entram do estuário do Sado à procura de alimento.
Da zona de praia para as duas secundárias os répteis fogem de nós com a sua timidez. Apesar de existerem cerca de 11 espécies de répteis nesta zona, os mais comuns de serem vistos são a lagartixa-do-mato (Psammodromus algirus), a lagartixa-de-dedos-denteados (Acanthodactylus erythrurus) e a osga (Tarentola mauritanica).
A Caldeira de Tróia é um local de relevo no estuário do Sado, sendo um berçário para peixes, moluscos e carangueijos. No silêncio, pode ouvir-se o coaxar das rãs-verde (Pelophylax perezi) e das relas (Hyla arborea e Hyla meridionalis). É também neste local que se pode encontrar uma grande variedade de aves, tanto nidificantes como invernantes. Tem assim estatutos internacionais de proteção: zona de proteção especial, Diretiva 79/409/CEE (revogada pela Diretiva 2009/147/CE – Diretiva Aves), de Área Importante para as Aves Europeis, designação da Comissão Europeia, e de Sítio Ramsar, ao abrigo d Conveção de Ramsar, e classificação de Biótpo CORINE C14100013, do programa CORINE 857338/CEE.
Têm especial estatuto de conservação: o Noitibó-cinzento (Caprimulgus europaeus); o Maçarico-das-rochas (Actitis hypoleucos); a Águia-sapeira (Circus aeruginosus); o Merganso-de-poupa (Mergus serrator); e a Andorinha-do-mar-anã (Sternula albifrons).
(1) Folheto Informativo “Estuário do Sado – Tróia”; TROIA NATURA & ICNF; 2016
Flora
The whole peninsula of Troia is a shoal formed by sand carried by the sea and the wind, which is a great challenge to its colonization by plants due to the mobile and sterile nature of the soils, in addition to the extreme exposure to the winds and the salty mud they carry. (1)
There are two types of predominant vegetation present in this short but beautiful route: dune vegetation and marsh.
At the beginning of the course we can find the first colonizing plants of the embryonic dunes: the sand couch-grass (Elymus farctus), the sea spurge (Euphorbia paralias), the sea holly (Eryngium maritimum) and the cotton weed plant (Otanthus maritimus), pioneering plants that colonize and consolidate the embryonic dunes and the mobile dune ridges. However, the major builder of the primary dunes is the European marram grass (Ammophila arenaria), a dense tuff grass whose roots fix the sand at the same time as enrich it, allowing other less tolerant species to settle, such as the toadflax (Linaria lamarckii) and the common snapdragon (Antirrhinum majus subsp. cirrhigerum), these ones characteristics of the dune in the process of stabilization - the secondary dune. (1)
As we move away from the sea, we reach the secondary and tertiary dunes, now with the presence of maritime pine (Pinus pinaster) and stone pine (Pinus pinea), aroeira (Schinus terebinthifolius), spiny thrift (Armeria pungens), camarinha (Corema album) and common juniper (Juniperus communis).
Aroeira is a plant with anti-inflammatory, antispasmodic, tonic, diuretic properties, among others, besides its berries being appreciated as a kind of sweet pepper called poivre rose.
Camarinha, in turn, is a bush-shaped plant, with small edible white berries, with a sweet taste.
We can also find here the yellow restharrow (Ononis natrix), the sargaço (Halimium halimifolium), the sage-leaved rock-rose (Cistus salvifolius), the common heather (Calluna vulgaris), the Phoenicean juniper (Juniperus phoenicea subsp. turbinata), the lentisco (Phillyrea angustifolia) and the Osyris lanceolata.
In the central zone of the sandy “restinga” that constitutes the peninsula of Troia is delimited the Botanic Reserve of the Dunes of Troia, one of the spaces better preserved in all the Portuguese coast in terms of dune cord and vegetation, essential to the fixation of the sands. There are numerous rare Iberian endemic species such as the Thymus carnosus and Portuguese endemics, such as the cocleária-menor (Ionopsidium acaule), the santolina (Santolina impressa) and the Linaria ficalhoana. It is also possible to observe the different phases of the dunar succession, from the primary or embryonic dunes, along the beach, to the developed dune pine forests and juniper forests, more inland. (1)
As we approach the “Caldeira de Troia” there is a transition from dune/bushes vegetation to marsh vegetation. This type of vegetation is characteristic because it is found in tidal areas with a mixture of fresh and salt water, being partially or totally submerged at high tide.
There are few species of plants that live in this wild environment, since they have to have great tolerance to salinity, waterlogging, temperature variations and lack of fresh water. In the low marshes, which are flooded by the tide every day, only being completely exposed in the empty tide, there are mainly meadows of small cordgrass (Spartina maritima), but also Sarcocornia perennis and marsh samphire (Salicornia sp.). The high marsh, which is only flooded by high tide, with short submerged periods and spaced in time, allows a greater diversity of plants. Here you can find: the sea purslane (Halimione portulacoides), several species of Sarcocornia, the shrubby sea-blite (Suaeda vera), the sea rush (Juncus maritimus), the common sea-lavender (Limonium vulgare), the golden samphire (Limbarda crithmoides) and the Mediterranean saltbush (Atriplex halimus). (1)
With great commercial value, marsh samphire has recently ceased to be called a pest and is now considered a gourmet herb. With a salty taste, it is currently used by chefs as a substitute for salt.
As we enter the dirt road towards the ruins, we found again a bush vegetation, where pine trees stand out, and some cork oaks (Quercus suber) and Tasmanian bluegums (Eucalyptus globulus).
(1) Information leaflet “Estuário do Sado – Tróia”; TROIA NATURA & ICNF; 2016
Toda a península de Tróia é uma restinga formada por areia transportada pelo mar e pelo vento, o que constitui um grande desafio à sua colonização por plantas, devido ao caracter móvel e estéril dos solos, a que acresce a extrema exposição aos ventos e à salsugem marinha que estes transportam. (1)
Existem dois tipos de vegetação predominante, presentes neste curto mas belo percurso: a vegetação dunar e a vegetação característica do sapal.
Junto ao mar podemos encontrar as primeiras plantas colonizadoras das dunas embrionárias, o feno-das-areias (Elymus farctus), a morganheira-das-praias (Euphorbia paralias), o cardo-maritimo (Eryngium maritimum) e o cordeirinho-das-praias (Otanthus maritimus), plantas pioneiras que colonizam e consolidam as dunas embrionarias e as cristas dunares móveis. No entanto, o grande edificador das dunas primarias é o estorno (Ammophila arenaria), uma gramínea que forma densos tufos e cujas raízes fixam a areia ao mesmo tempo que a enriquecem, permitindo que outras espécies menos tolerantes se possam instalar, como as ansarina-da-praia (Linaria polygalifolia) e as bocas-de-lobo (Antirrhinum cirrhigerum), já caracteristicas da duna em processo de estabilização – a duna secundária. (1)
Ao nos afastarmos do mar, chegamos às dunas secundárias e terciárias, agora com a presença de pinheiro bravo (Pinus pinaster) e pinheiro manso (Pinus pinea), aroeira (Schinus terebinthifolius), cravo-das-areias (Armeria pungens), camarinha (Corema album) e zimbro (Juniperus communis).
A aroeira é uma planta com propriedades anti-inflamatórias, antiespasmódicas, tónicas, diuréticas, entre outras, além de as suas bagas serem apreciadas como uma espécie de pimenta doce denominada por poivre rose.
A camarinha, por sua vez, é uma planta de porte arbustivo, com umas pequenas bagas brancas comestíveis, de sabor adocicado.
Podemos também aqui encontrar a joina-das-areias ou joina-dos-matos (Ononis natrix), o sargaço (Halimium commutatum / Halimium halimifolium), a estivinha (Cistus salvifolius), a queiró (Calluna vulgaris), a sabina-da-praia (Juniperus phoenicea subsp. turbinata), o lentisco (Phillyrea angustifolia) e a Osyris lanceolata.
Na zona central da restinga arenosa que constitui a península de Tróia está delimitada a Reserva Botânica das Dunas de Tróia, um dos espaços melhor preservados em toda a costa portuguesa em termos de cordão dunar e vegetação, essenciais à fixação das areias. Existem aqui inúmeras espécies raras e endemismos ibéricos, como o tomilho-carnudo (Thymus carnosus), e ainda endemismos portugueses, como a cocleária-menor (Ionopsidium acaule), a santolina (Santolina impressa) e a Linaria ficalhoana. Podem também observar-se as diversas fases da sucessão dunar, desde as dunas primárias ou embrionárias junto à praia, até aos desenvolvidos pinhais dunares e zimbrais, mais para o interior. (1)
À medida que nos aproximamos da Caldeira de Troia existe uma transição da vegetação dunar/matos para vegetação de sapal. Este tipo de vegetação é característico por se encontrar em zonas de marés com mistura entre água doce e salgada, estando parcialmente ou totalmente submersa na altura de maré alta.
São poucas as espécies de plantas que vivem neste ambiente agreste, pois têm que possuir grande tolerância à salinidade, encharcamento, variações de temperatura e falta de àgua doce. No sapal baixo, que todos os dias é inundado pela maré só ficando completamente a descoberto na maré vazia, ocorrem sobretudo prados de morraça (Spartina maritima), mas também se podem observar a gramata (Sarcocornia perennis) e a salicórnia (Salicornia sp). O sapal alto, que só é inundado pela maré alta, com períodos de submersão curtos e espaçados no tempo, permite uma maior diversidade de plantas. Aí podem encontrar-se: a gramata-branca (Halimione portulacoides), várias espécies de Sarcocornia, o valverde-dos-sapais (Suaeda vera), o junco-maritimo (Juncus maritimus), o limónio (Limonium vulgare), a madorneira-bastarda (Inula crithmoides) e a salgadeira (Atriplex halimus). (1)
Com um grande valor comercial a salicórnia recentemente deixou de ser apelidada de praga e passou a ser considerada uma erva-gourmet. Com um sabor salgado é atuamente utilizada por chefs de cozinha como substituta do sal.
Ao entrarmos no caminho de terra batida em direção às ruínas, voltamos a encontrar uma vegetação de mato, onde sobressaem pinheiros, e alguns sobreiros (Quercus suber) e eucaliptos (Eucalyptus globulus).
(1) Folheto Informativo “Estuário do Sado – Tróia”; TROIA NATURA & ICNF; 2016