Percurso


Rota dos Pescadores
Rotas do Litoral Alentejano
Perfil: Plano
Época aconselhada: De outubro a abril.
Da Praia do Carvalhal até à Praia da Galé, ao longo da costa, por entre pinhais, passando pelas arribas fósseis da costa alentejana.
Ext.: 12.4 km
04:00h Dificuldade:
Gráfico da altitude: 
 | 1198 pessoas gostam deste percurso. |
Descrição
Da Praia do Carvalhal à Praia da Galé (12,4 km)
Dirija-se da Praia do Carvalhal até à Praia do Pego, ao longo da praia ou por uma vereda ao longo da duna litoral.
Do parque de estacionamento da Praia do Pego dirija-se depois para nascente, por uma passadeira que conduz a um pequeno círculo de cimento num local elevado. Desse heliporto de brincadeira, siga sempre para sul, por um estradão paralelo à praia. Acabará por cruzar (em 38 15 18 N, 08 46 07 W) a estrada asfaltada que liga Pinheiro da Cruz à Praia da Raposa.
Continue para sul, ainda, por estradão, até ao vértice geodésico do Medronheiro (altitude 76 metros), a serra de Grândola ao longe, a sudeste. E continue sempre para sul, por entre o pinhal, até chegar à entrada norte do Spatia Melides Beach Residences, um abortado empreendimento que prometia criar 2.000 postos de trabalho, implantado numa propriedade com 800 hectares, e que na altura foi classificado como projeto de "Potencial Interesse Nacional" (PIN), e por isso beneficiou de várias isenções ambientais. Hoje, parece abandonado.
Já deve ter percorrido 2/3 do passeio, um pouco monótono, mas atravesse a estrada que liga a Herdade do Pinheirinho à Praia do Pinheirinho, e continue (em 38 14 06.5 N, 08 46 04 W), agora para sudoeste, por um estradão que se vai também aproximando da costa. Está a dirigir-se para as arribas fósseis da costa alentejana, local de uma beleza mágica, surpreendente, plácida, que nos sugere alguma meditação. Estamos verdadeiramente perante a natureza e a sua eternidade. No alto das falésias, algumas plantas dispersas (ver quais) cortam a uniformidade do arenito. Soberbo!
E continue para sul, por sobre a arriba, ao longo da Praia da Galé, até chegar ao Parque de Campismo da Praia da Galé. Acampar aqui é, só por si, um banho de prazer e calma. Experimentem… É que o passeio termina aqui.
Fotografias:
Consulte Todas
Fauna
Aqui a fauna é mais esquiva. Mas com um olhar atento e a paciência e calma que este percurso nos proporciona é sempre possível ver um vulto pelo ar ou movimentos pelo canto do olho.
Sempre presentes estão as gaivotas-de-patas-amarelas e d’asa-escura (Larus michahellis e Larus fuscus) que se podem observar em bandos pousadas no areal a descansar ou a sobrevoar a nossa cabeça. A gaivota-d’asa-escura tem uma plumagem cinzenta-escura no dorso e branca na barriga e cabeça enquanto que a gaivota-de-patas-amarelas é nitidamente mais clara no dorso. São também comuns os guinchos (Larus ridibundus), notoriamente mais pequeno que as outras espécies de gaivotas, com as patas e bico vermelhos e a plumagem da cabeça branca, sendo especialmente abundante nos meses frios; os bandos de pilritos-das-praias (Calidris alba) a correr junto à zona de rebentação; o borrelho-grande-de-coleira (Charadrius hiaticula) com a sua coleira preta, o seu ar rechonchudo e o seu bico alaranjado; e o borrelho-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus).


Na zona de dunas podem atravessar-se no nosso caminho algumas espécies de lagartixas como é o caso da lagartixa-de-Carbonell (Podarcis carbonelli), endémica da Península Ibérica e considerada vulnerável no nosso país pelo livro vermelho de vertebrados. Este é também território de algumas cobras como a cobra-de-ferradura (Coluber hippocrepis) e a cobra-lisa-meridional (Coronella girondica), entre outros répteis.
Ao olharmos com atenção para a areia na zona dunar podem ver-se pegadas de raposa (Vulpes vulpes) e indícios de coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), como pegadas e excrementos, pequeninas bolinhas castanhas espalhadas aqui e além, especialmente perto de zonas escavadas e das suas malhadas.
Sendo no mar, no ar ou em terra durante todo o percurso a presença da fauna faz-se notar, envolvendo-nos neste cenário maravilhoso da costa alentejana.
Baseado em:
- http://www.wilder.pt/seja-um-naturalista/como-identificar-as-aves-que-ve-na-praia/
Flora
Mais uma vez a vegetação predominante é a vegetação dunar. Aqui são de salientar a presença de arribas constituídas por sequências sedimentares essencialmente detríticas do Plio-Plistocénico (areias finas a grosseiras, cascalheiras e argilas) mas
também do Miocénico (arenitos, siltitos, argilitos, arenitos com cimento carbonatado e argiloso com fósseis e calcários). As cotas destas arribas variam entre os 13 e os 50 m. Observam-se também cones de dejecção no sopé das arribas que são constituídos por areias finas a grosseiras com seixos. Os cones de dejecção também surgem associados a linhas de água que desaguam (aluviões) nas praias. As arribas encontram-se cobertas por um campo dunar considerado mais antigo relativamente às dunas que surgem a cotas mais baixas e que são atuais. Devido a estas arribas fósseis, a vegetação dunar tem uma linha de separação bem marcada entre as dunas primária e secundária.
Quase sem se fazer notar, perto da base das arribas as plantas da duna primária vão aparecendo. São comuns o estorno (Ammophilla arenaria), o feno-das-areias (Elymus farctus), a granza-das-praias (Crucianella maritima) e os cordeirinhos-das-praias (Otanthus maritimus).
Subindo, até ao topo das arribas, existe sempre vegetação; primeiro vegetação rasteira, depois arbustiva e em seguida arbórea.

Na vegetação rasteira temos o tomilho carnudo (Thymus carnosus), endémico do nosso país, o cravo-das-areias (Armeria pungens), o goivo-da-praia (Malcolmia littorea), a morganheira-das-praias (Euphorbia paralias), o lírio-das-areias (Pancratium maritimum), o cardo-marítimo (Eryngium maritimum) e extensos “mantos” de chorão-das-praias (Carpobrotus edulis).
.JPG)
O chorão-das-praias é uma espécie de planta suculenta, rastejante, nativa da região do Cabo, na África do Sul. Cultivada como planta ornamental e pelo seu fruto comestível, na sua área de distribuição natural, noutras regiões escapou ao controle humano e tornou-se uma espécie invasora, provocando sérios problemas ecológicos na conservação das associações vegetais autóctones. Ao formar vastos tapetes mono-específicos, as populações de chorão-ds-praias eliminam do habitat as espécies pré-existentes, baixando a biodiversidade ao competirem directamente por nutrientes, água, luz e espaço com diversas espécies ameaçadas e em perigo de extinção.
Ao nível dos arbustos, temos a camarinha (Corema album), o tojo (Stauracanthus genistoides), o rosmaninho (Lavandula luisieri subsp. lusitanica), a sargaça (Halimium halimifolium), o saganho-mouro (Cistus salvifolius), a erva-pinheira (Sedum sediforme) e o zimbro (Juniperus communis).
Por fim, no nível arbóreo, temos marioritariamente pinheiros mansos (Pinus pinea) e lentiscos (Phillyrea angustifolia).
Comentários
Adicionar comentário: (o seu comentário será publicado após aprovação.)