Percurso



A Caminho da Utopia - Zeca Afonso e Grândola
Rotas do Litoral Alentejano
Perfil: Plano
Época aconselhada: Todo o ano
Passeio pelos monumentos dedicados a Zeca Afonso em Grândola
Ext.: 2.08 km
45:00h Dificuldade:
Gráfico da altitude: 
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Descrição
Nas comemorações do seu 52º aniversário, a Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense promove um espetáculo de fino gosto musical. A 17 de Maio de 1964, o guitarrista Carlos Paredes acompanhado à viola por Fernando Alvim (e não por Júlio Abreu como anunciado no cartaz) sobem ao palco. Na segunda parte, o inovador “Dr. Zeca Afonso” canta “Baladas e Canções de Coimbra” acompanhado por Rui Pato.

José Afonso, segundo o próprio, ficou «brutalmente satisfeito» com o convite da «Música Velha» (outro nome da SMFOG). Descreveu assim aquela Colectividade: «Local obscuro, quase sem estruturas nenhumas, com uma bibilioteca de evidentes objectivos revolucionários, uma disciplina generalizada e aceite entre todos os membros, o que revelava uma grande consciência e maturidade políticas»
Era impossível sabê-lo então, mas aquele concerto em Grândola foi uma data marcante para José Afonso. Foi ali que conheceu Carlos Paredes e se impressionou com o seu talento. E foi o contacto com a colectividade e o convívio com os grandolenses que o inspiraram a escrever um poema de homenagem à cidade.
Quatro dias depois do espectáculo, José da Conceição, um dos organizadores da sessão de Grândola, recebeu de José Afonso uma missiva com um poema dedicado à SMFOG, lido publicamente na sala desta Colectividade, em 31 de Maio de 1964:
A letra
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade
Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade
Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Como descrito no livro José Afonso – O Rosto da Utopia, de José A. Salvador, José Mário Branco sugeriu que fosse cantada à moda dos coros masculinos alentejanos, com cada quadra repetida por ordem inversa dos versos. Como acompanhamento, o som de pés arrastando-se pelo chão, aquele que os membros dos coros produziam no balanço que lhes marca o cantar.
O poema tornava-se canção e, três anos depois, a canção tornava-se senha. Os passos gravados num castelo francês já eram outra coisa. A marcha dos militares no dia 25 de Abril.
Video sobre Zeca Afonso e a SMFOG
Baseado em:
https://www.publico.pt/politica/noticia/grandola-a-caminhada-de-um-poema-1585167
Comentários
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